Sérgio Cruz Lima
Monet et le paradis de Giverny
Sérgio Cruz Lima
Presidente da Bibliotheca Pública Pelotense
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Comme les dits d´Ésope, não conheço Giverny, mas sei que para ler a obra de Claude Monet, nome maior do impressionismo e ao mesmo tempo dono de pinceladas fortes e delicadas é forçoso imergir em seu universo criativo: a casa em que o pintor viveu em Giverny, vila localizada no abraço dos rios Sena e Epte.
Pintada em tons rosa e com detalhes verdes, cercada por um jardim magnífico, foi ali que o artista viveu a partir de 1883. “Estou em êxtase, Giverny é um lugar lindo para viver em família”, escreveu o mestre a um amigo, pintor como ele, logo que se mudou para o novo endereço, que já era cor-de-rosa em fins do século 19. Não há como discordar dele: com as reformas pensadas pelo artista, o cinza das pilastras e das portas foi envolvido por uma explosão de cores, que vibram na forma de plantas e flores que invadem a varanda que circunda a residência. Ali, no lugar das escadarias de pedra, plantou-se trepadeiras; depois, um roseiral.
Além de ampliar, cuidar e estudar o jardim, o artista acabou por compor ali um ateliê em interação com a vida ao ar livre. E a grande área verde que ocupa o terreno em frente ao casario ganhou pequenas trilhas que trespassam a propriedade, onde Monet montava seu cavalete e se punha a observar os arredores. Via como iam se transmutando ao serem inundados pela luz do sol em diferentes horários. E esses caminhos eram tão cênicos que explodiam em luzes e cores na temporada primavera-verão. Monet jamais pintou a la merci du hasard.
Foi enfrentando um universo de cores e possibilidades que o pomar existente na propriedade deu lugar a esse soberbo cenário na linha tout juste et mélange. Monet, que amava a natureza e odiava o paisagismo simétrico, pessoalmente escolheu as plantas de Giverny, algumas selecionadas na própria França e muitas vindas da Inglaterra e do Japão. Assim, o pintor descobriu as ninfeias. Elas, antes de serem um de seus temas preferidos na hora de pintar, eram mera distraction. “Levei certo tempo para entender as ninfeias. Eu as cultivava sem imaginar que um dia poderia pintá-las, afinal, uma paisagem não nos impregna tão rápido. Foi então que tive a revelação das fadas do jardim das águas... Peguei meu pincel e depois disso meu modelo dileto continuou sendo as ninfeias”, escreveu Monet.
A partir de 1900, o artista se concentrou na pintura da adorada lagoa referta de ninfeias. Doze telas foram pintadas no período 1914/1924. Monet morreu dois anos depois, aos 85 anos de idade, quando ainda pintava à toute vitesse. Em Giverny, o impressionismo jamais saiu de moda. Nem jamais sairá! (Pour Regina)
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